Era
para ser uma grande festa, mas existem páginas mal contadas em nossa história que nos
levam a reflexão
Por Júlio Bruno
Minas Gerais completou trezentos anos
neste último dia 02 de dezembro, quando surgiu sob o nome de Capitania das
Minas de Ouro, uma das, senão a mais importante capitania da colônia portuguesa
de onde se extraia as maiores riquezas naturais da época. Com o passar do tempo
foi até tentada uma independência da capitania que culminou com a morte de
Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, conhecido como líder da inconfidência
mineira e que foi vítima de traição e entregue a coroa portuguesa. E vieram
outros e outros “Joaquins”, bem como grandes nomes do cenário político nacional
que honraram o nome de Minas nas páginas da república e da história do Brasil.
A exemplo do presidente JK, Juscelino
Kubitscheck, que levou ao Brasil central, o estadista Tancredo, que quase
chegou a ser presidente, mas que marcou a trajetória política mineira, entre
outros, mesmo que o ouro já não seja mais um grande destaque para a capitania,
atual estado de Minas Gerais, o nome de Minas mantém sua importância no cenário
político e cultural nacional, mas carece de carinho e reconhecimento e uma
reviravolta econômica no estado país que somos. Um estado castigado pelo populismo
e pouca efetividade em sua capacidade de gerar riquezas, afinal as Minas Gerais,
estão largadas ao pó, há muito tempo, e sua maior riqueza além da natureza
fértil, no passado castigada e explorada pelos colonizadores, também está em
seu povo que batalha de sol a sol e que busca por tempos melhores.
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imagem: Bandeira de Minas Wikipédia/ efeito por Júlio Bruno |
Li esta semana, uma reflexão do Professor Walber Souza, de Caratinga, cidade que é um celeiro cultural importante de nosso estado e que me inspirou a fazer este texto, pela crítica social que devemos estar atentos em nosso estado. Estamos comemorando 300 anos de história ou de colonização portuguesa. Sabemos claro da importância cultural dos nossos ancestrais, grande parte os portugueses, mas também vemos o que a exploração deixou em nosso estado, buracos, minas mortais, minas de sofrimento, estradas que matam, tecnologia que não chega aos lugares mais longínquos, desigualdade social, e uma economia que carrega a cobrança de tributos dos tempos do império, e que ultimamente digo nos últimos 30 anos parece ter estagnado, pelo fato do estado estar quebrado e com poucas condições de se manter.
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imagem: Facebook.com/Prof.WalberSouza |
Deixamos a energia
se esvair e a tecnologia que poderia ser aplicada a melhorias em nosso estado,
vai sendo gasta em desgastadas políticas que nada nos levam ao desenvolvimento.
Num cenário de tragédias ambientais, justificadas pela falta de cuidados da
ganancia e da exploração, vivemos assim em Minas Gerais.
Mas não só de tragédias anunciadas e
políticas populistas é feita nossa história, tem gente que faz e que busca o
melhor, mas que no fim das contas se rende ao que já está pronto e que já vem
malhado antes de muitos nascerem, o protagonismo vai dando espaço para a ganancia
de espertalhões. As Minas Gerais que muitos conhecem, é um pouco do Brasil lá
fora, e você sabe como o Brasil é visto lá fora? Mas somos mais que um jogo político
entre o que se diz direita e esquerda, somos o povo protagonista do próprio destino,
que busca e critica, que por vezes cai no meio do caminho, mas deixa sua marca
na história.
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foto: Júlio Bruno |
Sim temos que comemorar o nosso pão
de queijo nosso do dia, dia, nossa banana frita, nosso doce de leite, nosso cuscuz
doce, nosso café quentinho com o queijo fresco, do leite da política do café
com leite, ou do nosso frango com quiabo, a taioba e o ora-por-nobres, nosso
teatro sucateado e nossa tentativa de fazer sorrir, nossas montanhas e cachoeiras
e chão de trupícos em cidades que adoramos visitar, com os morros, e casas
coloniais, e a estrada real, que nos liga ao mar, a estrada de ferro que anda
devagar, e vai devagar, por que já foi depressa, as
águas termais e lama medicinal, os cantinhos
e as estradas, os cacos de telha de telha cumbuca, as panelas de argila e o
chapéu de junco, a taboa no brejo, o cedro solitário, o eucalipto eu não digo
mais nada, ele faz o papel e dizem não roubar água, onde o arco-íris faz a
festa quando chove, são muitas as nossas maravilhas, são enormes os nossos percalços
como a lama do Rio Doce, a poluição e o descaso com o São Francisco e o preço
que pagamos por ser Minas Gerais.
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foto: Governador Valadares jan/2020 / Júlio Bruno |
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